quarta-feira, 8 de março de 2023

Eu não nasci pra ser medíocre

 Desde a adolescência ganhei um monte de peso, mas ficou pior depois que fui trabalhar a noite. Nas idas e vindas da faculdade eu já sabia como os problemas pra comer atrapalhavam o rendimento, e eu tava cansada demais pra continuar na mesma, sem nunca sair do lugar, e comer era uma demanda mínima pra poder sair com o diploma, não dava pra sentir sono, cansaço e dor, e ainda sentir fome. Pelo menos a fome era evitável, na maior parte do tempo. Então vem a bomba de uma alimentação de má qualidade, em uma rotina de má qualidade, a ansiedade do doce as 23h em plantão e boom, lá vieram os 30kg.

Poderia dizer que tava lidando razoavelmente com minha insatisfação estética, a parte de dizer que eu não consigo me olhar direito no espelho, e pentear o cabelo já não é mais uma rotina, e mesmo assim, achei que estava até que bem, melhor soa dizer que estava ok.

Mas aí chegou a época das fotos da formatura e eu já não tava feliz, mas também não consegui fazer melhor pra perder peso. Não perdi e fiquei gorda.

Eu prometi que pro fim de ano algo melhoraria, mas usei roupa de banho de velho e mesmo assim parecia a pessoa mais feia do mundo. Feia mesmo, não só gorda.

E então achei que conseguiria pra viagem, mas continuei meio deformada, e tive que me apropriar da câmera do celular pra que a viagem não se tornasse uma narrativa de coitadismo por ser mesmo muito feia, e ainda, gorda!! Que falta de noção!!


Cheguei na viagem e fui lembrada um milhão de vezes que sou feia e gorda, e olha só: obrigada, mas eu já sabia!

Não bastasse olhar pro espelho que não diz mas o mundo explica, você olha ao seu redor e vê uma infinidade de mulheres esbeltas que provavelmente comem muito pouco e cuidam minuciosamente do peso, podem não ter excelência na felicidade, mas o mundo as recebe tão melhor!

É sobre essa falta de lugar no mundo, ganhe por meios impossíveis, ou seja o meio termo, tenha mais do que a carcaça, mas o príncipe encantado mesmo só aparece se você tiver o melhor do dois mundos. E não, eu não quero o bom, eu quero o incrível!

Passei a vida lamentando porque os contos de fada não chegavam até mim, e descobri que independente do que, eu quero vencer tudo isso e poder sim viver a minha historia.

NÃO, eu não tenho que viver infeliz com o médio. Eu não nasci pro médio. E eu posso ter mais do que isso tudo, preciso mesmo é de vergonha na cara.


E lá vamos nós outra vez.